sábado, 19 de abril de 2014

E MAIS UMA COISA...


Pois é meu amigo, demorou, mas o sábado enfim chegou! Devo dizer de uma vez que sou uma criatura extremamente ansiosa e assim que decidi por postar esse capítulo hoje, já comecei a roer unhas e contar as horas. Bem, você deve estar um pouco assustado depois daquelas lamentáveis "boas-vindas" que escrevi naquele post de outro dia. Não posso culpá-lo, foram palavras completamente improvisadas que não fizeram nada mais além de ser um péssimo cartão de visita... Me desculpo por aquilo e prometo me dedicar mais quando for escrever comunicados (esse daqui ficará melhor, tenho fé).

Mas e aí? O que achou do capítulo? Eu não sou convencida, mas modéstia à parte eu acho que ficou bem legal. É raro eu gostar de algo que escrevo, então depois que fiz a primeira revisão e percebi que havia de fato me agradado, me impedi de reler, porque aquela história de "quanto mais você procura erros, mais você encontra" é uma verdade sem tamanho. Inclusive, acho importante dizer que a decisão de escrever em primeira pessoa foi algo pensado, eu achei que iria caber melhor na proposta da fanfic e que combinaria com uma aventura destas. Quero dizer, uma jornada é algo emocionante demais para ler na visão de um narrador observador que não tem lá tanta emoção. É a primeira vez que escrevo algo neste estilo, então não repare caso não tenha ficado tão bom quanto poderia, estou me policiando para ser bem fiel aos pensamentos do Matthew e tentando incorporar completamente o personagem enquanto escrevo.

E aproveitando que citei o Matthew, vou falar dos personagens... Eu confesso que não precisei de muito tempo para criar estes dois. Sabe quando simplesmente surge prontinho na sua mente? Foi assim! Matthew e Evanna me foram dados como um presente, embrulhados e com lacinho. O único trabalho que tive com os dois foi a escolha dos nomes. E não, você não pensou errado caso tenha se lembrado da Luna de Harry Potter quando leu "Evanna" (você vai reparar que os nomes dos personagens mais relevantes da fanfic foram todos retirados de nomes de atores desta saga que tanto amo). 

AI GENTE, EU QUASE ESQUECI! Tenho uma coisa para mostrar para você... É que eu às vezes tento fazer AMVs quando sobra tempo, sabe? Aqueles vídeos musicais com cenas de animes. Até agora só postei dois na minha conta no Youtube (caso você tenha tido curiosidade de acessar o link ali no lado esquerdo, já deve ter visto), então eu queria deixar aqui para quem tiver interesse. Olha aí:


E acho que é isto... Ah, a página de personagens e a sinopse serão atualizadas apenas depois que eu postar o quinto capítulo da fanfic aqui no blog, certo? Deixei isto avisado nos respectivos posts, mas é sempre bom dar uma relembrada... E não é porque postei o capítulo de hoje no sábado que semana que vem terá mais um no sábado, tá? Não é antipatia minha, mas é que eu trabalho e estudo, o que reduz meu tempo e então nem sempre dá para escrever, porém, pode ficar despreocupado porque eu vou fazer o possível para postar um capítulo novo por semana (não é uma promessa)... Enfim, acho que agora acabou (naquele post maldito eu nem sabia como começar, agora neste bendito eu não sei como acabar). Até mais ver amigo, aproveite o fim de semana e não use drogas (isso inclui pedras de fogo, água, folha e trovão)! õ/

CAPÍTULO 1


Fazia uma bela manhã de sol em Jubilife naquele sábado. Não havia uma nuvem sequer no céu e as ruas, por incrível que pareça, não estavam congestionadas pelos carros, como de costume. Era certamente um dia raro, daqueles que se vê no máximo uma vez ao ano. Até mesmo o piado dos Starlys era possível ouvir.

Eu havia acordado não fazia muito tempo, mas continuava deitado, admirando o teto branco do meu quarto. Não era a mais bela imagem de todos os tempos, mas era a que prendia a minha atenção naquele momento. Sentia um misto de felicidade e apreensão, um daqueles sentimentos que se sente quando se espera muito por algo e enfim ele chega. Durante os anos anteriores de minha vida eu sonhava com o dia em que poderia pegar minha bagagem e sair pela porta do apartamento do meu pai, numa jornada de treinamento completamente minha, capturando Pokémons e travando batalhas. Um sonho comum, eu sei, mas ainda assim o meu sonho. Sinnoh era um continente vasto e lindo, o lugar perfeito para quem quisesse algo além do habitual. E isto era o que eu mais queria.

Se nada tivesse me interrompido eu ficaria ali por um longo tempo, apenas observando o teto e pensando sobre a vida. Felizmente, o som irritante do meu celular, na cabeceira da cama, me trouxe de volta desses devaneios. Na tela do aparelho estava estampado um rosto já conhecido, acompanhado pelo nome daquela que desde minha infância eu considerava minha única amiga verdadeira. Evanna Carter era uma garota muito bonita, de cabelos cor de mel e um olhar esverdeado e curioso que não se encontra facilmente. Deslizei meu dedo sob a tela e atendi a chamada.

– Já tava acordado, Matt? – ouvi ela perguntar.

– Estava... – respondi, antes de fungar o nariz, minha rinite era mais forte pela manhã, o que poderia ser algo bem incômodo – Acordei já tem um tempinho.

– Então não sou a única! – riu – Fui mais rápida que o despertador. Eu e a Margaret dormimos muito tarde ontem.

– Pois é, eu também. Parecia que não ia chegar nunca, mas agora parece que chegou rápido demais.

– É engraçado ? – disse, pensativa.

– O quê? – perguntei.

– A gente sempre falou disto, desde pequenos. E agora estamos aqui, prestes a realizar nosso maior sonho...

Me assentei na cama, ainda com o celular em mãos.

– Eu vou tomar um banho, ? – avisei – Mais tarde a gente se encontra.

– Certo! Estou me preparando para a choradeira da minha mãe.

– Meu pai com toda certeza não vai chorar...

– Como ele está?

– Continua na mesma, ele nunca vai mudar. – falei, conformado – E eu nem faço mais questão que mude, não faz mais diferença pra mim.

– Vai dar tudo certo, relaxa.

– É... Vou tentar...

E um maçante silêncio se fez na linha. Esse assunto sempre foi desconfortável.

– Bom, então até mais tarde.

– Até...

Desliguei e me levantei. Peguei o meu roupão que estava dependurado detrás da porta do quarto e saí por ela, seguindo pelo corredor até o banheiro. Não ouvi nenhum som, então provavelmente meu pai ainda estava dormindo – ele sempre dormia mais que eu – ou já tinha ido trabalhar, para não ter de presenciar a minha saída.

Tomei um banho não muito demorado, mas que fez desaparecer qualquer resquício de sono que ainda me restasse. Voltei para meu quarto, onde troquei meu roupão pelas roupas que eu havia deixado separadas sob a cadeira giratória da escrivaninha na noite anterior: uma calça jeans preta – bastante confortável – e uma blusa vermelha estampada por letras aleatórias. Meus óculos estavam ali também e eram indispensáveis – minha miopia era leve, mas dificultava a visão à distância.

Logo fui arrumar a cama, para depois abrir a persiana e a janela. Aproveitei a oportunidade para olhar o lado de fora e me deparei com uma cidade realmente diferente do que costumava ser. O meu apartamento ficava no centro de Jubilife, no sétimo andar do prédio, então de lá era possível ver de tudo e mais um pouco. Respirei profundamente e deixei que meus pulmões fossem preenchidos por aquele ar poluído de sempre.

Tornei a olhar para o quarto. Uma das paredes dividia seu espaço entre meu armário e minha estante de livros, ambos de proporções muito próximas. Ler era um dos meus maiores prazeres e me tomava horas por dia. Não me lembro ao certo quantos livros já li, mas havia um que eu sempre relia, sem perder o ânimo inicial. Tratava-se de uma publicação antiga e acadêmica, escrita por Oliver Rowan, pesquisador renomado de Sinnoh, conhecido por ser quem distribuía os Pokémons iniciais do continente e por suas pesquisas na área da evolução.

O livro em questão era o primeiro da estante e com toda certeza o mais surrado de todos. Lembro-me de tê-lo comprado num sebo próximo de casa, por uma bagatela. Uma de minhas melhores compras em anos. Delicado e não muito grande, sua capa estava envelhecida e trazia o título “Os quatro cantos de Sinnoh” escrito em alto relevo dourado. Era de fato bonito, ainda que velho, e eu com toda certeza não o trocaria por uma edição mais recente.

O peguei e me deitei novamente em minha cama, onde comecei a folheá-lo sem pretensões. Quando dei por mim, já o estava lendo mais uma vez. O conteúdo debatia diversas questões sobre o mundo e sobre os Pokémons, focando principalmente em Sinnoh, sendo basicamente um guia completo para treinadores iniciantes. Havia também ilustrações maravilhosas feitas pelo próprio Rowan em quase todas as páginas, algo que eu particularmente adorava.

Estava concentrado na leitura quando senti algo na barriga e ouvi um som engraçado vindo dela. Eu não comia nada desde a noite passada e os sinais da fome já começavam a aparecer. Então me levantei, deixando meu livro fechado sob a cama.

Caminhei até a cozinha e ao chegar lá, encontrei meu pai assentado na mesa redonda que ficava no centro do cômodo. Tinha nas mãos um jornal e o lia despreocupadamente, interrompendo a leitura apenas para bebericar o café de sua xícara, não sei ao certo se percebeu minha chegada. Respirei profundamente, era um desafio diário estar ao seu lado e não me sentir tão odiado quanto poderia ser.

Ele era um homem de cabelos grisalhos, alto e magro. Devia ter quase cinquenta anos, mas parecia mais novo. Seu nome era Charles, porém todos o chamavam de Charlie – o que eu achava estranho, já que sempre tive a impressão de que apelidos deveriam ser menores que os nomes originais. Vestia um terno preto, tão sério quanto ele próprio, o que significava que estava pronto para ir trabalhar. Era dono de um escritório de advocacia e fazia aquele estilo carrasco, bem clichê.

– Bom dia... – eu disse, recebendo em resposta apenas um resmungo.

Minha relação com meu pai era das piores. Não me lembro de já termos tido uma conversa produtiva ou de ter recebido um sorriso vindo dele. Por uma parte de minha curta vida eu senti falta de uma influência paterna, mas então encontrei o que eu precisava em meus livros e o substituí por meus autores favoritos, que me influenciaram bem mais que ele.

Eu desconfiava de que o motivo para nossa falta de afinidade era a morte de minha mãe. Este assunto, a propósito, sempre fora estritamente proibido dentro de casa e o pouco que eu sabia era que ela havia morrido num acidente de carro, quando estava indo me buscar na creche. Na época eu tinha dois ou três anos, mas me recordo vagamente de algumas cenas. Eu era consciente de que obviamente não tinha nada a ver com o acontecido, porém, em minha mente, sempre vinha o pensamento de que se ela não tivesse entrado naquele carro, naquele dia, naquele minuto, nada daquilo teria acontecido. A impressão era de que ele me culpava e isto me afetava e nos afastava de alguma maneira.

Abri um dos armários que ali havia e de dentro dele retirei a caixa do cereal e uma vasilha, onde despejei o que ainda restava do produto. O leite estava na mesa e por um instante pensei em me assentar lá para me servir dele e quem sabe até comer na companhia de meu pai, porém, experiências passadas me fizeram repensar e optar por voltar para meu quarto e me alimentar enquanto lia meu livro.

– Desistiu da sua ideia ridícula? – o ouvi perguntar, assim que dei meu primeiro passo para fora da cozinha – Ou ainda pretende andar por Sinnoh afora como um vagabundo?

– Eu não... Não vou andar por Sinnoh afora como um vagabundo... – respondi, tentando ser o mais educado possível – Mas não, eu não desisti. Vou sair no máximo em uma hora.

Houve um silêncio eterno do momento em que ele tomou mais um gole de seu café até o em que ele voltou a falar.

Pra mim um rapaz de 16 anos que não estuda, não trabalha e pega Pokémons por aí, é sim um vagabundo.

– Talvez tenhamos concepções muito diferentes desta palavra. Com licença... – disse, tentando sair mais uma vez.

– Eu ainda não terminei de falar.

– O senhor me perdoe, mas eu estou com fome e preciso...

– Sente-se aqui e poderá comer enquanto me escuta. – sugeriu, me interrompendo.

– Não, obrigado. – continuei de pé, desejando desaparecer daquele lugar mais que tudo.

– Você não tem opção, eu sou seu pai e você vai ouvir tudo o que eu quero que você ouça. – pela primeira vez desde o começo da “conversa” ele desviou o olhar do jornal para mim, senti até mesmo um aumento do seu tom de voz.

– Sim... O senhor é meu pai... Não o meu dono.

– Então temos concepções muito diferentes da palavra pai.

Eu me prometi não deixá-lo estragar meu dia, contudo, estava complicado manter a promessa.

– Posso ir?

– E seus estudos? – perguntou, ignorando meu pedido – Vai abandoná-los? Você teria um futuro brilhante como advogado...

– Eu nunca quis ser advogado.

– Bom, então vai desperdiçar todas as suas oportunidades? Além de vagabundo você também é burro Matthew?

Completamente aborrecido, andei até a pia e deixei minha vasilha com o cereal dentro dela.

– Não vai terminar de comer? – ele perguntou enquanto eu saía da cozinha.

– Perdi a fome. – respondi sem me virar ou parar de andar.

Já havíamos tido brigas piores, porém aquela me magoou de uma forma diferente. Pelos próximos meses eu iria estar fora de casa e não nos veríamos por um bom tempo. Ele estava mais preocupado em me ofender a me dizer qualquer palavra de cuidado. A sensação de angustia e humilhação me atormentava por dentro.

Entrei em meu quarto e nem mesmo fechei a porta, para poupar tempo. Calcei um par de tênis qualquer, peguei minha mochila – a qual eu havia preparado na noite anterior com tudo o que eu precisaria na jornada – e guardei dentro dela meu livro. Numa das gavetas de meu criado-mudo estava minha touca preta, a tomei nas mãos e coloquei na cabeça, antes de sair novamente. Passei pelo corredor e pela cozinha sem olhar para os lados, quando destranquei a porta da sala e girei a maçaneta, o ouvi dizer:

– Sua mãe estaria decepcionada... – não me movi – Você sabe disto, não é?

– Ela tem é muita sorte de estar morta e não precisar ver no que o homem com quem ela se casou se transformou. – me arrependi do que disse assim que as palavras saíram da minha boca.

Escutei seus passos em minha direção, mas abri a porta e me coloquei para fora antes de descobrir o que ele iria fazer. Ignorei o elevador e corri pelas escadas, subindo para o próximo andar. Não por covardia, mas por vergonha do que havia acabado de fazer. Eu nem conseguia imaginar como ele era antes de se casar. Não tinha o direito de dizer aquilo, por mais irado que estivesse. Ele me odiava, no entanto eu sabia que amava minha mãe. Se até então eu havia tido esperanças de que em algum momento iríamos conseguir nos dar bem, naquele instante eu as perdi completamente. Minhas palavras deviam tê-lo perfurado como facas.

Parei de correr apenas quando cheguei até a porta do apartamento 507, onde, para minha sorte, morava Evanna. Desde pequenos moramos neste mesmo prédio e se não fosse por nossa pequena diferença de idade – eu era um ano mais velho – teríamos estudado juntos também. Encarei o interruptor da campainha por alguns instantes antes de apertá-lo. Não precisei esperar muito até ser atendido por alguém.

– Ora se não é Matthew Blanchard! – falou uma bela mulher de voz rouca, assim que bateu seus olhos azuis em meu rosto.

– Bom dia Senhora Carter. – tentei disfarçar com um sorriso bobo o que acabara de acontecer.

– Já até desisti de te pedir para me chamar de Joanne, sabia disto? – ela realmente me pedia toda vez que nos falávamos, porém, eu não conseguia chamá-la pelo primeiro nome – Mas você está bem? Seu rosto está branco...

– Estou... É a ansiedade! – foi a única desculpa que consegui improvisar.

– Posso imaginar... Vamos entrando?!

A sala dos Carter era arejada e bonita, bem maior que a da minha casa. O Sr. Carter estava assentado no sofá, assistindo televisão. Assim que o cumprimentei ele me avisou que Evanna estava em seu quarto, terminando de se arrumar. Não me surpreendi, ela demorava bastante com essas coisas. De qualquer forma, resolvi ir apressá-la, precisava pensar em outra coisa além do meu pai, ou iria explodir.

Com os nós dos dedos bati à porta do quarto de Evanna.

– Pode entrar! – ela gritou.

Encontrei a garota assentada em sua cama, que estava abarrotada dos objetos que ela provavelmente iria levar com ela para a viagem. Evanna vestia um short jeans não muito curto e uma blusa branca, sobreposta por um casaco cinza e nada reforçado. Seus cabelos estavam presos atrás da cabeça por uma fita. Ao seu lado encontrava-se Margaret, sua meiga Swablu, um dos Pokémons mais bonitinhos que eu já tinha visto: um pequeno pássaro de penas azuis e asas nubladas.

– Ah, é você Matt! – disse, aliviada – Achei que fosse minha mãe. Por um milagre ela ainda não veio ter uma daquelas conversas de mãe e filha... Eu nunca sei o que dizer nesses momentos melosos.

– Ela está tranquila. – me assentei junto a ela na cama, arrastando alguns itens para longe, abrindo espaço.

– Com você, né? Porque ela chora toda vez que me vê... Um drama sem fim!

Tentei parecer natural. Margaret se aproximou de mim, eu adorava sentir suas asas, era como estar em contato com nuvens de verdade. Sr. e Sra. Carter a deram para Evanna como um presente de aniversário de dez anos. Eles convenceram a garota a adiar sua jornada por mais alguns anos para estudar, em troca ela teria o seu primeiro Pokémon mais cedo. Nunca vi uma menina tão feliz como ela naquele dia. No começo eu senti muita inveja, meu pai jamais me daria um presente como aquele.

– Mas o que houve? Achei que ainda ia demorar a chegar. Não consegue mais esperar? – riu, enquanto guardava suas coisas na mochila.

– Brigamos de novo... Precisei sair de casa antes que um matasse o outro.

– Eu já imaginava que isso fosse acontecer. Ele tentou te segurar lá?

– Até que não. – respirei profundamente, ainda acariciando Margaret – Mas eu disse algo que não devia ter dito. Falei a maior merda de todas.

Ela não sabia o que dizer, consegui compreender por sua expressão ao me olhar.

– Eu sinto muito Matt... – falou.

– Não precisa se preocupar, eu vou ficar bem.

– Sei que vai, só que eu não gosto dessas brigas de vocês. Os dois sempre acabam machucados e eu não quero te ver sofrendo.

– Esquece isso... – me esforcei para sorrir – Mas e aí? Vai demorar a terminar de arrumar essa bagunça?

– Só estou conferindo se lembrei de colocar tudo. É muito a minha cara esquecer alguma coisa importante pra trás.

Nós permanecemos ali por mais alguns minutos conversando. Quando terminou de se aprontar, Evanna retornou sua Swablu para a Pokéball e fomos encontrar seus pais, que continuavam na sala. Sra. Carter mordeu o lábio inferior ao ver a filha com a mochila nos braços e seus olhos ficaram marejados rapidamente.

– Já estamos indo... – avisou Evanna.

– Ainda não está muito cedo? – Sra. Carter conferiu as horas em seu relógio no pulso esquerdo e nos olhou com esperanças de que ficaríamos mais um tempo – Não querem comer alguma coisa antes?

– Não mãe... Tá na hora.

As duas se abraçaram, enquanto apertei a mão do Sr. Carter.

– Cuida bem da minha garota, viu Matthew? – ele pediu.

– Pode deixar. – respondi, um tanto envergonhado.

– Posso me cuidar sozinha pai! – e os dois se abraçaram, enquanto eu abracei Sra. Carter, que tinha um dos abraços mais quentes e gentis de todos.

Fomos os quatro juntos até a porta, mas preferi dar um tempo para que eles pudessem se despedir decentemente. Me distanciei até o elevador e pressionei o botão para chamá-lo. Não escutei o que a Sra. Carter dizia, mas pude vê-la enxugando o rosto enquanto falava. Ao ouvir o som do elevador que acabara de chegar, Evanna se despediu dos pais definitivamente, depositando um beijo numa das bochechas de cada um dos dois. Ela veio em minha direção e antes de entrarmos no elevador, acenei para os dois que retribuíram o aceno com um sorriso.

– Tenham juízo! – gritou o Sr. Carter, antes da porta do elevador se fechar e ele começar a se mover.

Assim que passamos do sétimo andar pude respirar naturalmente, seria pior que morrer se meu pai entrasse ali e tivéssemos de permanecer toda a descida juntos. Ao chegarmos ao térreo caminhamos para fora do prédio e nos despedimos do porteiro, James Grogan, que nos desejou um “boa-sorte” bastante sincero.

– É agora ou nunca. – Evanna disse, depois de suspirar profundamente.

– Está pronta? – perguntei, sorrindo honestamente pela primeira vez desde que saí de casa.

– Estou... E você?

– Também!

E então andamos pela calçada alguns metros até chegarmos a um ponto de táxi próximo de onde estávamos. Entramos no estacionado lá e pedimos ao motorista que nos levasse até a Rota 202. O carro começou a se mover, o taxímetro começou a rodar e meu sonho começou a se realizar.